domingo, 30 de novembro de 2014

Candidata a ministra da Agricultura, Kátia Abreu é uma das pessoas mais próximas a Dilma

Os contrários à indicação precisarão de mais que vaias para fazer a presidente mudar de ideia

Paulo de Tarso Lyra

Brasília – “Presidente, estou aqui descumprindo uma ordem médica, mas precisava vir para apresentar as demandas do setor.” Foram estas as palavras ditas pela senadora Kátia Abreu (TO), recém-operada e, à época, ainda filiada ao PSD, na primeira audiência das duas no Palácio do Planalto. Para Dilma, que descobriu, em plena corrida eleitoral, um câncer no sistema linfático, deparar-se com uma mulher que, como ela, não deixa de trabalhar, apesar dos problemas de saúde, era a senha que faltava para transformar a futura ministra da Agricultura em uma das pessoas mais próximas a ela no restrito círculo do poder de Brasília.
Por coincidência, foi justamente durante a corrida eleitoral de 2010, quando Dilma retirou um tumor de 2,5 cm da axila direita e passou quatro meses fazendo quimioterapia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, que ocorreu o primeiro contato entre ambas. Kátia, filiada ao DEM, relatora do projeto que derrubou a CPMF no Senado e que, até hoje, é apontado como a maior derrota do governo Lula, escreveu uma longa carta desejando “força” para Dilma. “Ela disse para a presidente ter coragem e fé para enfrentar a doença. E acrescentou que a saúde dela era muito importante para assegurar a presença feminina na política”, lembra uma amiga pessoal da senadora de Tocantins.

Até então, o contato entre ambas era zero. Aliados até afirmam que a carta não tinha interesses políticos, apenas uma demonstração de solidariedade humana. Kátia fez campanha para José Serra em 2010 e não poderia, abertamente, apoiar a candidata do PT. Mas, ao término do segundo turno das eleições presidenciais de quatro anos atrás, ela debruçou-se sobre o mapa eleitoral feito pelos analistas políticos da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e afirmou: “A presidente terá de nos procurar para buscar o apoio nos locais onde ela não tem”.

Na verdade, Kátia, de longe, observava os passos da presidente desde a metade do primeiro mandato de Lula. Ainda que de forma oblíqua. A ruralista percebia os embates da chefe da Casa Civil com a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva – essa sim, considerada adversária ferrenha. “Kátia sabia que precisava de uma aliada forte. Marina, além de empedernida, era protegida de Antonio Palocci”, recorda uma aliada da presidente da CNA.

Apesar de o apoio do agronegócio ser tradicionalmente ao PSDB, Kátia desabafou a pessoas próximas que, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o setor jamais foi recebido em audiência no Palácio do Planalto. Lula sinalizou um distensionamento com os produtores rurais e o diálogo ficou melhor com os ministros Roberto Rodrigues e Reinhold Stephanes. Mas ainda era pouco. A vitória de Dilma de 2010, por exemplo, poderia ser uma porta aberta para os ruralistas no governo.

A presidente, contudo, escolheu Antonio Palocci para a Casa Civil. O caminho estava bloqueado novamente. Kátia, então, buscou estradas alternativas para chegar à presidente. E optou pelo vice-presidente Michel Temer, com quem tem relação estreita – ele é o responsável pela filiação dela ao PMDB. Temer foi também o responsável por aproximar as duas que, nas palavras de um amigo do PSD, descobririam pouco depois que se completavam no estilo de trabalhar e pensar o país.

Do trabalho de aproximação até a primeira audiência, em 2012, o caminho foi natural. Hoje, Kátia é uma das poucas pessoas com canal direto com a presidente. Se há ministros – a maior parte deles, na verdade – que reclamam não ter qualquer intimidade com a principal mandatária do país, Kátia pode orgulhar-se de conversar com a presidente por SMS. E não apenas de política , mas dicas de beleza, roupas, brincos, conversas femininas. Para desespero dos movimentos sociais e da esquerda petista, será preciso bem mais do que vaias e gritos de protestos para fazer a presidente ficar em dúvida sobre a indicação.

Beleza
Segundo interlocutores em comum, Kátia adora dar dicas de beleza à presidente. Vaidosa, ela “se monta”, nas palavras de uma aliada, não para aparecer em fotos nos jornais ou para audiências políticas. Ela se produz toda porque é uma figura pop entre seu eleitorado. Durante a campanha, ela desembarcou em Tocantins para um evento e foi cercada por produtores rurais. “A senhora sabe qual o nome da última vaca que vai para o matadouro? Esperança. Senadora, a senhora é nossa esperança em Brasília”, afirmou o fazendeiro.

Ela olhou bem nos olhos do interlocutor, deu um tapa nas costas dele, e disse: “Não sei se agradeço, se xingo você ou se dou um mugido”, gargalhou. De outra feita, um produtor rural, querendo ser simpático, disse que tinha se encharcado de perfume e colocado a melhor camisa só para vê-la. Kátia não pensou duas vezes: puxou pelo braço a esposa do fazendeiro. “Vem cá, que vou falar com você e não com ele. E fala para seu marido que é para você que ele precisa passar perfume e vestir a melhor camisa, não para mim”, aconselhou.

Se Kátia é pop, algo que Dilma jamais será, as duas combinam na obsessão pelo trabalho. “Ela é um trator e a maioria das pessoas diverge completamente do que ela pensa e fala. Mas, a exemplo da presidente, Kátia não tem medo de comprar brigas ou ser antipática ao defender seus pontos de vista”, afirmou uma pessoa que já viveu o desespero de ter que contrapor-se às argumentações da senadora peemedebista.

Ela também é, assim como a presidente, estudiosa. Nos encontros com Dilma, leva mapas e dados para mostrar os problemas do setor e apresentar alternativas e soluções. “Kátia sabe e gosta de fazer política, mas foge ao perfil tradicional da política. Ela não conversa com a presidente sobre cargos, mas sobre o Brasil real que precisa de infraestrutura”, disse uma pessoa próxima. Por isso, já houve conversas entre ambas, a sós, fora da agenda, por mais de uma hora. Uma coisa rara na escassa paciência de Dilma em trocar ideias com algum interlocutor.



domingo, 4 de maio de 2014

Sandoval Cardoso é empossado governador do Tocantins


Sandoval Cardoso (SDD) foi eleito governador de Tocantins em eleição indireta neste domingo. Em exercício no cargo desde a renúncia de Siqueira Campos (PSDB) e do vice João Oliveira (DEM), no dia 4 de abril deste ano, Cardoso cumpre mandato-tampão até 31 de dezembro. Seu vice, desconhecido do meio político local, é o empresário Tom Lyra (PR). Ele era presidente presidente da Assembleia Legislativa e - eleito pela primeira vez pelo PMDB - estava em seu segundo mandato como deputado estadual.
A chapa encabeçada por Sandoval Cardoso recebeu 15 - dos 21 votos dos deputados -, vencendo o pleito em primeiro turno. Em seu discurso de posse, neste domingo, o novo chefe do Executivo estadual relatou um breve histórico das realizações da administração anterior, garantindo, sobretudo, que vai dar continuidade às obras de recuperação de hospitais e estradas.
Segundo informações da assessoria de imprensa da Assembleia de Tocantins, Cardoso ressaltou ainda seu compromisso com o fortalecimento da economia do estado e que, para tal, pretende contar com o apoio do capital privado.
- Desde que assumi interinamente, nenhuma ação ou projeto da gestão do governador Siqueira Campos sofreu qualquer interrupção. O Tocantins é o estado que mais investe em saúde em todo o país, o PAM já recuperou 12 mil km de estradas vicinais, o Pró-Município está reconstruindo ruas e avenidas desse Estado, temos vários projetos que impulsionam o agronegócio no Tocantins - destacou Cardoso, como publicado no portal do Governo.
Osiris Damaso (DEM) assume a presidência do Legislativo. Siqueira Campos renunciou para, ao que tudo indica, concorrer a uma cadeira no senado. A renúncia só saiu após o vice-governador João Oliveira (DEM) também deixar o cargo, dias antes, por finalidade eleitoral.
Concorreram ao pleito outros oito candidatos. Os também deputados estaduais Marcelo Leles (PV) e Eli Borges (Pros) receberam dois votos cada. O deputado José Augusto (PMDB) e o ex-deputado federal e ex-prefeito de Porto Nacional (TO), Paulo Mourão (PT), obtiveram um.
Entre os candidatos que não receberam nem um voto, também está Nuir Machado de Lima (PNM). Izabela Suarte (PPL) registrou, mas não teve a candidatura homologada por falta de documentos partidários.
As deputadas Amália Santana (PT) e Josi Nunes (PMDB) não participaram da votação, alegando problemas de saúde. De acordo com a assessoria de imprensa da Assembleia, Amália sofreu acidente de carro na noite de sábado e se encontra internada em estado grave. Nos corredores, a conversa foi de que Josi Nunes teria sido obrigada pelo partido a votar no candidato José Augusto (PMDB), o que não seria a vontade dela.
Em 2010, após a cassação do então governador, Marcelo Miranda (PMDB) e do vice Paulo Sidnei (PPS), o estado do Tocantins viveu eleições indiretas. Naquele ano, o escolhido foi Carlos Gaguim (PMDB), então deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa (AL).
Protestos em frente à Assembleia e nas redes sociais
Enquanto a segunda eleição indireta em quatro anos acontecia no Tocantins, militantes do PSOL com peruca e nariz de palhaço protestavam em frente à Assembleia. Do lado de dentro, no plenário, logo no início da sessão, os sete candidatos de oposição, ressaltavam em seus discursos, que suas candidaturas eram contra o que chamaram de manobra para beneficiar o grupo político que está no poder.
- Apesar de ser legal, não concordamos com as eleições indiretas para beneficiar grupos que estão no poder - disse o candidato do PSDC, Adail Pereira Carvalho, que não recebeu nem um voto.
- Vamos para o quarto governador em sete anos, fruto de renúncias que não estavam nos compromissos de campanha - disparou o candidato do Pros, Eli Borges.
- Vocês deputados, serão julgados pelo povo em outubro. O veredito será dado no dia 5 à noite, não se esqueçam - avisou várias vezes o candidato do PSOL, Fábio Ribeiro, que não recebeu nem um voto.
- O PMDB vai judicializar a eleição indireta. Na Assembleia perdemos nosso recurso, mas vamos procurar a justiça - enfatizou o candidato do PMDB, José Augusto, se referindo ao fato de Sandoval Cardoso ter se filiado ao Partido da Solidariedade há menos de um ano.
- Fomos preteridos, colocados de lado, em nome de um golpe político familiar. As renúncias mancharam essa página da história do Tocantins - acusou o candidato do PV, Marcelo Lelis.
- O senhor não pode representar uma corja dessas que está acabando com o povo. Um Estado tão jovem e tão flagelado de práticas políticas tresloucadas - indignou-se o candidato do PT, Paulo Mourão.
Também houve protestos nas redes sociais. Sandoval Cardoso preferiu usar o tom conciliador em todos os discursos e pronunciamentos à imprensa.
- Os protestos fazem parte da democracia, cumprimos o que está na lei. Meu trabalho será governar o Estado em direção ao correto - encerrou.
Votos: eleição indireta
Sandoval Cardoso (SDD)/ Tom Lyra (PR) - 15 votos
Marcelo Lelis/ Joaquim Maia (PV) - 2 votos
Fábio Ribeiro/ Professora Dorineide (PSOL) - 0
Eli Borges/ Junior Geo (PROS) - 2 votos
Izabela Suarte/Jailson Alves (PPL) - candidatura não homologada
José Augusto Pugliesi/ Udson Bandeira(PMDB) - 1 voto
Nuir Machado de Lima/ Margareth Aparecida de Lima (PNM) 0
Adail Pereira Carvalho/ Francisco Vieira de Souza (PSDC) - 0
Paulo Mourão (PT)/ Luciano Arruda (PC do B) - 1 voto

sábado, 1 de março de 2014

Grandes blocos desfilam hoje no Rio

   28/02/2014 17h10
  • Rio de Janeiro
Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil Edição: Stênio Ribeiro

Abre-Alas banner

Os orixás mandam seu axé para o carnaval de Rua do Rio de Janeiro, através do Bloco das Carmelitas, que desfila hoje (28), até as 19h, em Santa Teresa, com samba em homenagem às divindades do candomblé. Um dos blocos mais tradicionais da cidade, chega a reunir 10 mil foliões nas apertadas ladeiras do bairro.
No centro da cidade, saem o Bloco dos Aposentados (17h, na Rua Primeiro de Março), o Escorrega na Baba do Quiabo (18h, no Buraco do Lume, Rua Nilo Peçanha), o Molha o Pé das 8 (20h, na Rua Rodrigo Silva), e o Escorrega mas Não Cai (21h, também no Buraco do Lume).
Na zona sul, o Arpoador recebe o bloco Vem ni Mim Que Sou Facinha, com previsão de 30 mil foliões, a partir das 19h; o Bloco Virtual sai no Leme, também às 19h; a turma do Senta Que Eu Empurro abrilhanta o carnaval da Rua do Catete, a partir das 20h, e o bloco Rola Preguiçosa - Tarda mas Não Falha, às 20h, em Ipanema.
Na Tijuca, a Banda Cultural do Jiló anima a Rua Pinto de Figueiredo, a partir das 22h, com previsão de 2.500 pessoas. No Grajaú, tem Cata Latas do Grajaú, às 18h, na Praça Nobel, e a Turma dos 300, às 19h, na Praça Edmundo. E na Vila Isabel, o bloco Eu Sou Eu, Jacaré é Bicho D'água se concentra às 20h, na Rua Visconde de Abaeté.
Na zona norte, o Monarca do Irajá concentra a partir das 20h, na Estrada da Água Grande; o Boêmios do Méier sai às 19h, na Rua Constança Barbosa; e o Unidos do Chapadão batuca até as 22h, na Avenida dos Campeões, em Ramos.
A zona oeste tem o bloco Meia Dúzia de Gatos Pingados (19h, em Bangu), Geriatria e Pediatria (20h, em Campo Grande), Caldeirão do Coqueiro (21h, no Santíssimo), e em Pedra de Guaratiba desfilam o Bloco do Boi, Só Falta Você, às 18h; Boêmios do Catruz, também às 18h; e o Bloco das Piranhas do Jeffinho, às 20h.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Gravações da Justiça dão detalhes do atentado no Riocentro em 1981

Fantástico obteve depoimentos de testemunhas e participantes.
Ex-delegado diz que havia bomba no palco para atingir artistas.

Do G1, com informações do Fantástico
22 comentários


Novos depoimentos de testemunhas e participantes ajudam a Justiça a entender detalhes do atentado que ocorreu em 1981 no Rio Centro.
Com autorização, da Justiça, o Fantástico obteve acesso ao material, que é parte da mais completa investigação sobre o Caso Riocentro, iniciada dois anos atrás.
(veja vídeo ao lado)
Os relatos ajudam a esclarecer o caso, em que estão envolvidos grupos secretos, na tentativa de impedir o fim da ditadura militar. Com eles, o Ministério Público Federal (MPF) encontra detalhes do que aconteceu no Riocentro naquela noite, em que ocorria um show comemorativo ao dia 1º de Maio.
Um dos depoimentos é o do coronel reformado Wilson Machado, que nunca deu entrevistas sobre a explosão ocorrida dentro do carro em que ele estava na noite de 30 de abril de 1981, no Riocentro. No banco do carona estava o sargento Guilherme do Rosário, que morreu no veículo. Machado saiu ferido do episódio.
Em dezembro de 2013 e em janeiro passado, Machado disse ao Ministério Público Federal, que não estava envolvido com o atentado. “Eu nunca carreguei nenhum explosivo, não sei mexer com nenhum explosivo, nunca mexi na minha vida. Não estou encobrindo ninguém, e ninguém vai dizer que deu essa ordem pra mim”.
Enquanto Wilson Machado nega envolvimento e até a existência de uma bomba, um ex-delegado afirma que havia um plano para que uma bomba fose colocada no palco para atingir os artistas.
'Peritos foram pressionados'
Para o procurador Antonio Passos, não há dúvidas de que o inquérito conduzido logo depois do atentado em 1981 foi direcionado para que as conclusões não chegassem aos autores do atentado.
“Peritos foram pressionados, testemunhas foram ameaçadas, provas foram suprimidas do local do crime. Então, a gente não tem dúvida de que a primeira investigação no Riocentro foi direcionada para que o caso fosse acobertado, que não se descobrisse a verdade”, disse.
'Alguma coisa subversiva'
Em 1981, o então capitão do Exército Wilson Machado era chefe de uma seção do  Destacamento de Operações de Informações (DOI), órgão de inteligência e repressão da ditadura militar.  Segundo seu depoimento, a missão que recebeu do comando do DOI era simples: verificar se os artistas e os participantes falavam  “alguma coisa subversiva”.
Desde o primeiro inquérito, ainda em 1981, Machado sempre sustentou que ele e o sargento saíram do carro por alguns instantes depois de terem chegado ao Riocentro, e depois iriam estacionar normalmente. Ele teria ido ao banheiro e o sargento - conhecido no Exército como Wagner - aproveitou para procurar amigos com quem teria ficado de se encontrar.
Os dois voltaram ao carro e houve uma explosão -- que Machado diz não ter achado que se tratava de uma bomba. “Para mim não estourou bomba não, amigo”, disse. “Se você ver aí na declaração, não sei se está aí, quando eu fui interrogado, eu achava que tinha estourado o motor do carro”.
Testemunha
Mais de 30 anos depois do atentado, uma testemunha do caso criou coragem para falar ao MPF. Mauro Cesar Pimentel, dono do carro que aparece em uma imagem feita logo depois do atentado, foi localizado em 2011 pelo jornal "O Globo".
Ele disse não ter se pronunciado antes por medo, mas também conta ter visto o carro de Machado antes da explosão. “Eu olhei bem para dentro do carro e na traseira do carro, no vidro traseiro, que é baixa a traseira, eu vi dois cilindros idênticos ao que ele estava manipulando”, contou ele, referindo-se ao sargento Guilherme do Rosário.
Machado, que viu a declaração por meio do MPF, contesta a informação. “Duvido. Duvido!”, diz Machado.
Em depoimento, Pimentel diz ter visto a explosão e buscado ajuda. “Eu corri, corri e não achei ninguém. Voltei e falei, vou eu mesmo socorrer ele. Mas quando eu voltei, ele não estava mais lá (Machado). Já não estava ele e não estavam os dois cilindros na traseira do carro. Só ficou o sargento, que já estava morto”.
Em todos os depoimentos que deu até hoje, Machado afirma que não se lembra quem o socorreu e diz que o explosivo não estava no colo do sargento. Ele também mostra cicatrizes de que teria sido atingido no episódio.
Na época, a investigação concluiu que a bomba estava imprensada entre o banco e a porta do carona.
'Eu não podia deixar de cumprir a ordem'
O major reformado Divany Carvalho Barros, conhecido no Exército como "Dr. Áureo", admitiu, três décadas depois do atentado, que foi enviado ao Riocentro para recolher provas que pudessem incriminar o Exército. Divany afirma que recolheu de dentro do carro três objetos pertencentes ao sargento Rosário.
Eu não podia deixar de cumprir a ordem. A caderneta com telefones, nomes, anotações. Peguei a caderneta, peguei uma granada defensiva que ele usava na bolsa que não explodiu. Peguei a pistola dele”, contou em depoimento ao MPF.
Em outro depoimento ao MP, o ex-delegado de polícia Cláudio Guerra contou que sua função era prender, no Riocentro, pessoas falsamente ligadas à explosão. No depoimento, ele revela a existência de mais uma bomba com um novo alvo – o palco e os artistas.
“Seria colocado no palco, justamente para atingir... A comoção seria a morte de artistas mesmo, né?”, diz o ex-policial.
Nenhuma bomba explodiu no palco. No entanto, além da que explodiu no pátio, outra foi atirada na casa de força do Riocentro, para cortar a luz e causar pânico nas mais de 20 mil pessoas que assistiam ao show, segundo os procuradores.
A viúva do sargento Guilherme do Rosário, Sueli José do Rosário, também guardou silêncio por mais de 30 anos, segundo disse ao MPF, por ter sido ameaçada.
“No dia que enterrei meu marido. No dia... Não deram tempo nem para eu chorar a morte do meu marido”, disse. Ela conta que a ameaça veio de alguém chamado de 'doutor Luiz', que teria dito que ela seria acompanhada e mencionado seus dois filhos. O MPF está investigando a identidade do homem.
Restaurante do Rio é peça chave
As investigações do Ministério Público Federal também estão mapeando a atividade dos grupos que lutaram contra o fim da ditadura. Na lista de endereços revelados pelas testemunhas, um restaurante na Zona Portuária do Rio é uma peça importante das investigações.
Segundo o MPF, coronéis e generais do Exército se reuniam no local para planejar os atentados. Depois, as ordens eram repassadas aos subalternos. Somente nos primeiros meses de 1980, foram 46 explosões atribuídas aos militares.
Boa parte dos atentados foi contra bancas de jornal que vendiam publicações consideradas subversivas. Uma bomba enviada à sede da Ordem dos Advogados do Brasil, no Rio, matou a secretária Lyda Monteiro.
Denúncia do MPF
Para o MPF, o coronel Wilson Machado, o ex-delegado Cláudio Guerra e os generais reformados Nilton Cerqueira e Newton Cruz, devem responder por tentativa de homicídio, associação criminosa e transporte de explosivos.
Nilton Cerqueira era comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro e teria suspendido o policiamento no dia do show. Newton Cruz, que ainda foi denunciado por favorecimento, chefiava o Serviço Nacional de Informações (SNI). Segundo o MPF, ele soube do atentado com antecedência e nada fez para impedir.
Os outros denunciados pelo MPF são o major Divany, por fraude processual, e o general reformado Edson Sá Rocha, acusado de ter defendido um plano de atentado um ano antes, também no Riocentro - o único que se recusou a responder às pergundas do MPF.
Passados 33 anos do atentado, os procuradores alegam que o crime não prescreveu porque foi praticado contra o país. Além disso, não estariam cobertos pela Lei da Anistia, válida de 1961 a 1979.
A Justiça Federal ainda está analisando o novo inquérito para decidir se aceita a denúncia.
Procurados pelo Fantástico, o general Newton Cruz disse que já foi julgado e inocentado pelo Superior Tribunal Militar e pelo Supremo Tribunal Federal no caso do Riocentro. A família do ex-delegado Cláudio Guerra disse que ele está doente e não poderia falar. Nilton Cerqueira e Sueli José do Rosário não quiseram dar entrevista para o Fantástico. Já o coronel Wilson Machado e o major reformado Divany Carvalho Barros foram procurados em casa e pelo telefone, mas não foram encontrados.
Veja o site do Fantástico




veja também

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

RESUMO DOS JORNAIS DE HOJE, 13-02-2014 (QUINTA-FEIRA)
 
13 de fevereiro de 2014
Correio Braziliense


Manchete: MSTzaço na praça
Enquanto o Congresso discutia o projeto de lei que enquadra protesto contra a Copa como ato terrorista, sem-terra alinhados com o Planalto quase linchavam PMs. Medo de invasão fez o STF suspender trabalho

O PT foi orientado pelo governo a propor mudanças na lei antiterror para evitar que movimentos sociais, como o MST — que ontem entrou em confronto com militares —, possam ser enquadrados pela polêmica legislação. Mas brasileiros sem vínculos com esse tipo de organização correrão o risco de serem condenados como terrorista se saírem às ruas para protestar. Na Praça dos Três Poderes, ontem, só não ocorreu uma tragédia porque um grupo de ativistas fez uma barreira humana e impediu que manifestantes partissem para cima de policiais encurralados no meio da multidão (estimada em 15 mil pessoas). Segundo a PM, 30 policiais e pelo menos três manifestantes ficaram feridos. Hoje, os sem-terra terão um encontro com a presidente Dilma.

A vida de Santiago custou R$ 150?

O advogado Jonas Tadeu Nunes — que defende os dois jovens acusados do assassinato do cinegrafista Santiago Andrade — disse ontem que black blocs são aliciados e financiados por grupos políticos para agir de forma violenta durante as manifestações. Ele não citou partidos, mas disse que um de seus clientes, Caio Silva de Souza, teria recebido R$ 150. Caio, que estava foragido, foi preso ontem, em Feira de Santana (BA). Ele é acusado de disparar o rojão que atingiu e matou Santiago, no Rio, na quinta-feira passada. A polícia abriu inquérito para apurar a denúncia do advogado. (Pág. 1 e 2 a 7)
Venezuela: Violência em Caracas deixa dois mortos
Um estudante e um policiaL foram baleados no confronto entre oposicionistas e milicianos supostamente ligados ao governo. A briga ocorreu durante um protesto de universitários. (Págs. 1 e 17)
Segurados da Fassincra têm 20 planos a optar (Págs. 1 e 13)


Médicos cubanos fogem do Brasil rumo a Miami (Págs. 1 e 9)


Excelência, agora, é só presidiário
Seis meses depois de a Câmara envergonhar o país ao manter o mandato de um deputado preso, Natan Donadon foi cassado. Com voto aberto, 467 parlamentares o expulsaram da Casa. (Págs1 e 8)
Tiros expõem a insegurança no câmpus da UnB
Policiais civis reagiram à tentativa de roubo de um carro ao estacionamento da Biblioteca Central e dispararam contra os ladrões. O barulho assustou os estudantes e houve pânico dentro do prédio. Um inquérito foi aberto para apurar se houve excesso na atuação dos agentes. (Págs. 1 e 22)
Está difícil comprar dólares em Brasília (Págs. 1 e 26)


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Estado de Minas


Manchete: Quem quer criar desordem?
Autor de disparo de rojão que matou cinegrafista diz que grupos incitam violência em protestos

Quando lançou, em 1988, a música Desordem, a banda Titãs não poderia imaginar que os questionamentos do refrão continuariam tão atuais – e contundentes. O Brasil vive tempos de confusão e ebulição. As perguntas da canção fazem parte das indagações que o país tenta responder, depois da prisão de Caio Silva de Souza, de 23 anos, que assumiu à TV ter soltado o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, no Rio. Caio disse que jovens estão sendo aliciados para os protestos. E seu advogado afirmou com todas as letras que ele e outros recebem até R$ 150 para tumultuar as manifestações. Resta à polícia investigar se há organizações que insuflam a violência nas ruas e com que interesse.

Quem quer manter a ordem?

Confronto entre sem-terra e PMs fere mais de 30 Marcha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com cerca de 15 mil pessoas acabou em tumulto na Praça dos Três Poderes em Brasília, depois de um empurra-empurra que descambou para a pancadaria entre manifestantes e policiais. Segundo a PM, 33 pessoas ficaram feridas, entre elas 30 militares. Bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e balas de borracha foram usados no embate. A confusão chegou às portas do Supremo Tribunal Federal, cujos trabalhos foram suspensos com receio de uma invasão. Os manifestantes também pretendiam fazer um protesto em frente ao Palácio do Planalto. Líderes do MST devem ser recebidos pela presidente Dilma hoje. (Págs. 1, 5, 8, 9, 10 e o editorial ‘Manifestações com segurança’, 6)
BRT 100% pronto só na véspera da Copa
Estreia do novo transporte de BH, sábado, será com ônibus vazios, apenas como teste. A primeira etapa com passageiros foi adiada para 8 de março. Mas a estimativa de operação do sistema completo passou para 15 a 17 de maio, menos de 30 dias antes do Mundial. (Págs. 1, 17 e 18)
Designados: Ação ameaça emprego de 98 mil em MG
O STF está prestes a julgar ação direta de inconstitucionalidade relativa à lei complementar que efetivou 98 mil designados da educação ao quadro de servidores do estado, em 2007, dando-lhes os mesmos direitos dos concursados. (Págs. 1 e 3)
Deputado presidiário é cassado
Desta vez em votação aberta, a Câmara cassou por 467 votos a favor e uma abstenção o mandato do deputado Natan Donadon (sem partido-RO), que cumpre pena de 13 anos e quatro meses em Brasília por peculato e formação de quadrilha. (Págs. 1 e 2)
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Jornal do Commercio


Manchete: FGTS na pauta do STF
Solidariedade, partido de oposição ao governo federal, entrou com ação no Supremo pedindo a suspensão do uso da TR na correção das contas do Fundo, que seria substituída pelos índices da inflação. Não há previsão para o julgamento. (Págs. 1 e Economia 1)
Manifestantes estariam sendo financiados
Denúncia de pagamento de R$ 150 por participação nos atos de vandalismo é do advogado dos acusados pela morte de cinegrafista. Caio Souza, que teria soltado o rojão, foi preso ontem na Bahia. (Págs. 1 e 7)
Pancadaria em Brasília
Ato do MST teve tentativa de invasão a órgãos públicos e 42 feridos, sendo 30 policiais, atingidos por pedras, pedaços de pau e martelos. Oito estão em estado grave. Sessão do STF chegou a ser suspensa. (Págs. 1 e 8)
Por 467 x 0, Câmara cassa o mandato de Donadon (Págs. 1 e 6)


Fator político interfere na crise do setor elétrico (Págs. 1 e Economia 5)


União promete soltar verba da navegabilidade
Ministro das Cidades assumiu compromisso com o governo para retomada das obras. (Págs. 1 e Cidades 1)
Cordeiro vai ganhar hospital veterinário
PCR abriu licitação para obra pioneira na rede pública, orçada em R$ 3,4 milhões. (Págs. 1 e Cidades 5)
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Zero Hora


Manchete: Para tumultuar protestos - Rapaz que atirou rojão teria recebido R$ 150
Preso na Bahia e levado ao Rio,Caio de Souza disse ter acendido artefato que matou o cinegrafista Santiago Andrade. Advogado afirma que jovem foi aliciado. 

Humberto Trezzi

Momento não é bom para discutir lei antiterrorismo. (Págs. 1, 4 e 5)
Câmara: Donadon é cassado na estreia do voto aberto
Condenado a 13 anos de prisão, deputado havia sido absolvido em agosto, durante votação secreta. (Págs. 1 e 10)
Reforço: Estado terá mais 138 médicos cubanos
No total, RS receberá 229 novos profissionais para atuar a partir de março. (Págs. 1, 36 e 37)
Fotolegenda: Manifestação e confusão
Marcha que reuniu milhares de agricultores do MST, em Brasília, acabou em pancadaria na Praça dos Três Poderes. (Págs. 1 e 41)
Elevadores: Ampliação em Guaíba e mais 200 empregos
Mitsubishi anuncia a expansão de unidade com investimento de R$ 20 mi. (Págs. 1 e 23)
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Brasil Econômico


Manchete: Banco sem agências vai captar com custo mais baixo
Bancos médios e corretoras formalizaram parceria com a Cetip que facilitará a distribuição de títulos ao varejo. A expectativa das corretoras é negociar, nos próximos 12 meses, mais de R$ 1 bilhão em CDBs e letras de câmbio. Essas instituições buscavam uma forma para captar recursos mais baratos, e as corretoras querem negociar mais do que ações e derivativos. (Págs. 1, 20 e 21)
Chuva é motivo de especulação
A previsão de tempestades no próximo fim de semana já provocou a queda de preços no mercado livre de energia. Nas duas últimas semanas, grandes consumidores intensificaram as vendas. (Págs. 1, 4 e 5)
Ultrafino e caro vende mais
Na contramão da queda no mercado de notebooks no país, os modelos mais leves e sofisticados estão atraindo cada vez mais consumidores. No ano passado, as vendas

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Mandela deixa herança para família e partido; e nada para ex

Bens do líder morto em dezembro de 2013 somam 4,1 milhões de dólares


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